Carta Sem Destino (Talvez por Giles Cistac)

Sabes

Estas noites desenformadas

Divorciadas sem consentimento do dia

Da calma das tardes

Ou das sempre amenas madrugadas

Pra ninguém, eu queria

São eternas

Mas desprovidas dum céu poluído de estrelas

Desprovido de peito pra me embalar

Quando é tanta a saudade das minhas morenas

Das nossas incapituláveis novelas

E do quanto não se precisava falar

Você nunca saberia

O cheiro da transição da lucidez ao desvario

O sabor da comida que não se vê

Nem eu quereria

Seres água sem poder se vestir de rio

Ou um crente desprovido de fê

Sim, poderias imaginar

E chorar desmaiados choros

Enquanto o meu destino se escreve a negrito

Nestas celas que pouco posso caraterizar

Porque são várias as escritas e os coros

Que se escrevem com o meu grito

Eu quero é um pouquinho da tua curiosidade

Do teu testemunho oral

Pra que se saiba aí fora

Que há outros conceitos de verdade

Que se esqueceram da moral

Quando decidiram qual seria minha hora.

Odibar João Lampeão
Enviado por Odibar João Lampeão em 03/03/2015
Código do texto: T5157172
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