Carta Sem Destino (Talvez por Giles Cistac)
Sabes
Estas noites desenformadas
Divorciadas sem consentimento do dia
Da calma das tardes
Ou das sempre amenas madrugadas
Pra ninguém, eu queria
São eternas
Mas desprovidas dum céu poluído de estrelas
Desprovido de peito pra me embalar
Quando é tanta a saudade das minhas morenas
Das nossas incapituláveis novelas
E do quanto não se precisava falar
Você nunca saberia
O cheiro da transição da lucidez ao desvario
O sabor da comida que não se vê
Nem eu quereria
Seres água sem poder se vestir de rio
Ou um crente desprovido de fê
Sim, poderias imaginar
E chorar desmaiados choros
Enquanto o meu destino se escreve a negrito
Nestas celas que pouco posso caraterizar
Porque são várias as escritas e os coros
Que se escrevem com o meu grito
Eu quero é um pouquinho da tua curiosidade
Do teu testemunho oral
Pra que se saiba aí fora
Que há outros conceitos de verdade
Que se esqueceram da moral
Quando decidiram qual seria minha hora.