VITRAIS
Resolvi
que a minha arte
não precisa
de letra escarlate,
nem de cão fiel
que late
quando chego
no portão.
Resolvi
que não preciso
de paladinos
guiando meu destino
na conjunção de Saturno
com Marte,
nem lendo ciganamente
a palma
da minha mão.
Resolvi
que posso
criar tardes inteiras
de chuva,
e depois mergulhar
nos arco-íris
de cristais.
Resolvi
que posso
calar o silêncio
da noite
com um sussurro,
para ouvir
os monólogos
das estrelas
pelos vitrais
da minha janela.
Resolvi
que posso me perder
num teorema
que já estive,
sem que eu precise
traçar paralelos
entre as minhas paralelas.