Solidão acompanhada

Andei por dentro de mim mesma tentando não encontrar ninguém.

Ora, mas que tolice a minha! Nunca fui terra desabitada.

Se bem que, ás vezes, me sinto uma cidade fantasma.

Há no meu peito tantas lembranças armazenadas que, de vez em quando, sinto falta de gente de carne e osso.

Tenho na verdade é uma solidão acompanhada com um laço de fita no pescoço.

E é no meio dessa solidão que esbarro em pessoas que mesmo sem elas saberem, fazem morada em mim.

Vivem em silêncio.

Suas palavras são mudas.

Quero tanto ouvi-las! Ou será que sou eu que sou surda?

Ah meu Deus, quanta lucidez loucamente absurda!