Par ou ímpar
Cada um tem uma brasa pr’onde puxar sua sardinha,
Cada Zero que se mostra traz em sua cola um Tainha
Cada bala que acha um alvo se encontra no que se alinha
Cada banda se inteira no corpo que se adivinha.
Cada ouvido ouve o zumbido com o qual melhor se afina
Cada língua lambe o doce que prá si se descortina
Cada véu encobre a face que se enruga em surdina
Cada olho chora o pranto que sua hora desatina.
É par ou ímpar e se completam vida afora.
É preto ou branco mas inexistem se um vai embora.
Cada alegria vê tristeza ali na esquina
Cada noite encontra o dia para o qual se destina
Cada seca um dia se faz charco e nem se atina
Cada pedra em pó se torna embora viva adamantina.
Cada ordem tem seu caos e desalinho
Cada forte é fraco e insosso se sozinho
Cada riso vira lágrima se a vida é um torvelinho
Cada fracasso é força se com mais braços o alinho.
É par ou ímpar e se completam vida afora.
É preto ou branco mas inexistem se um vai embora.