O POETA E O LUAR
O que há velho poeta,
porque fitas a lua, tão languidamente assim?
Estagnado;
como se jamais a vira antes!
O luar ainda faz brilhar os teus olhos cansados?
Ainda perambula pelos teus devaneios;
ainda falas com o luar poeta?
Ainda sonhas?!
Será que a vida dura, amarga
já não impediu tua alma de vagar
por caminhos de poemas brancos, onde ainda
transita o versejar?
Sim, meu velho, vejo que ainda teces versos ao luar!
As rugas que trazes no rosto cansado
e as cicatrizes deixadas pelo tempo, não selaram os teus sonhos,
nem a louca vontade de voar, alçar o firmamento...
Amas demais a vida poeta!
És apaixonado pelo luar,
seu brilho, seu riso, e toda a magia que nela há...
És um sobrevivente, poeta!
Pois ama, e o amor te eterniza;
te remoça a cada rima, a cada estrofe; em cada palavra escrita.
Sim velho poeta...aquieta-te...!
Ficas a namorar os céus.
Bordas teus poemas ao luar...