A vida em preto e branco

A vida dormitava letárgica, em preto e branco

Eu não sabia o que era o amor

Eu não sabia que os anjos dormem em ninhos

Nada era meu

Nada

Nem o tempo que cai e se distende

Nem o destino e seu silêncio incognoscível

Ao sublime devanear da vida, dos sonhos coloridos

Meus olhos inocentes se encantaram

Não é lindo o jeito como ela descansa?

E agora quando chove as cores molham os dias

O arco-íris suspira, reverbera, de leve cobre o chão

Onde é que eu vou arrumar cores assim?

Onde o céu esplende luas vermelhas, noites de prata, sóis de marfim

Procurei, procurei, procurei...

O vento azul e doce bradava, esbatendo o entardecer:

A primeira coisa que devemos fazer é separar as coisas agradáveis

daquelas que são desagradáveis

Nos olhos do vento a lágrima ainda era escura, ainda havia sombras

Enfatizando a continuidade ao invés da alteração

As flores agora são verdes, vermelhas, amarelas, azuis

Vistas com os olhos do sentimento e da estesia

Nos jardins havia inquietação de cores

E havia a mão e o grito insontes nos lábios do poeta

Onde é que já se viu?

Como puderam fazer isto?

Puxa, está tudo tão esquisito

O que saiu errado?

As pessoas mudam

E não voltam a ser o que eram?

"A mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original"

E de tanta palavra sem cor, sem arrepio, fez-se o silêncio

Não tive a intenção de magoar ninguém

Nada existe aqui fora

Todas as coisas estão dentro de você

Talvez você só saiba quando perde

Ela não está linda daquele jeito?

Ela não está tão bonita como da primeira vez que a viu?

Ela não está linda?

Você gostaria de dizer isto a ela?

Você não pode parar o que está dentro de você

Borboletas carregam o dia repleto de Tempo

O Tempo é mais que a espera

Não se esqueça de mim. Mesmo que você nunca volte

Amo você

Eu sei

Amo você também

Eu tinha a vida certa

O que vai acontecer agora?

Eu não sei

E você, sabe o que vai acontecer?