Felicidade

Sabe, eu divia de tê escurtado ocê minha mãe, quando dizia que aqui amigos não havia, e que as manhã são sempre mais fria, longe do fogão de lenha que sempre me aquecia. Na noite não tem estrela que brilha pro mode a gente entre meio a uma prosa, umas moda pudê cantá. Aqui é tudo triste e as pessôa não tem tempo pros probrema dos outro escurtá. Sabe minha mãe, estou suzinho nesta construção, lembrando das noite lá do sertão e das comitiva onde eu era valorizado como peão, lembro dos rio, das mata e inté das chuva que molhava meu gibão, eu tinha o negrinho, era anssim o apelido do meu alazão, que mais que um simples animar, era um amigão, ficou triste, eu senti em seus oio quando vindo para cidade atravessei o porterão. Inté meu cachorro campero, que nas caçadas que nóis fazia, era sempre meu parceiro, não latiu, grunhiu, como se dissesse: “não vai não”. Mas eu era tão inocente, acreditava que aqui, eu seria feliz, acreditava que aqui tava meu futuro. Nem pensei nos pássaro toda manhã cantando nu meu dispertá, na coeita verdinha que dava gosto de oiá, inté a seca que fazia nóis tudo, mais forte rezá, esqueci inté de Deus, nosso sinhô, que nunca ficou sem nos escurtá, e ditardisinha na varanda, o pai sempre tinha uma história de pesca pra mode contá, e era cada mentira de arrepiá, e a senhora sabia, mais nunca feio fez o véio passá. Hoje eu choro lembrando daquele lugá, donde meu corpo partiu, mas meu espírito quis ficá, por isso é tão triste e vivo a lamentá o dia que disse adeus ao sertão, e na cidade vim morá, percurando uma felicidade que aqui não consigo encontrá, pois eu tô aqui, mas ela ficou lá. E hoje conto as hora, conto os dia, esperando o momento de vortá, e novamente cavargá no lombo do negrinho, pelos verdes campo daquele, que com certeza é meu lugá.

Poema de Orlando Jr.

orlando junior
Enviado por orlando junior em 05/06/2007
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