Guardados
Um dia,
Arrancou do anel as pedrarias,
Pois feriam-lhe os olhos,
Arranhavam-lhe a alma,
E algumas, eram falsas.
Arrancou-as, mas não pôde, simplesmente,
Jogá-las no fundo de um lago:
Cravejou com elas o próprio coração
Que ficou sempre pesado.
Um dia,
Acreditou que era possível não sentir,
Não ser, não tocar, não ouvir,
Esquecer as turmalinas e esmeraldas,
Os diamantes e ametistas falsas,
As zircônias de beiradas quebradas,
As turquesas opacas...
Mas o coração, para sempre cravejado,
Batia num compasso amordaçado,
Sonhava com o dia em que as aragens
De um oceano estagnado
Enferrujariam, finalmente,
As suas engrenagens...