olhos de xamã

tem um rasgo no universo

tem um rasgo que me permite ver

com olhos de xamã emprestados

vinte minutos para enxergar

e guardar na memória tudo que for visto

'bebe desse chá

fume dessa erva

e olhe pelos olhos do previsto'

retina corre rápida procurando evidências

algo que grude na mente o momento

são anos para olhar

o que deve e o que não deve ser feito

um bom negócio?

a chave de sucesso

olhos de xamã

ágeis

o que você dirá se tudo falhar?

o fim pode não ser tão pomposo

pode não ter alternativas plausíveis

'Schrödinger manda lembranças

e se pergunta se você entendeu...

pedras também se movem

a brisa entorpece

penetrando no seu âmbito'

têm cheiro de cor seu pescoço...

que me faz lembrar de casa

do conforto que a certeza dá

mas eu era criança e tudo costuma ser distorcido na minha lembrança

o escuro não era seguro...

meus olhos veem

meus olhos veem e se chocam

meus olhos veem

'só mais um gole

você vai conseguir ouvir também'

tudo que fica implícito

quebrado em pequenas partes

nossos olhos veem diferente

estamos olhando para o mesmo lugar?

saia de perto do fogo

com essa língua inflamável

não mereço o fogo em palavras

o mundo sempre foi um lugar solitário?

a lua sempre foi assim tão prepotente?

sorrindo lá de cima para mim...

com a distância suficiente para manter a discrição

remédio ruim que não cura

alivio medíocre que não dura

somos todos adultos agora

zumbido que não pára

engole

engole

'há sempre um mal estar interno

e são passos sempre mal dados'

antiquark
Enviado por antiquark em 26/02/2015
Código do texto: T5151573
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.