O homem sem cabeça
O homem sem cabeça
(Afonso Soares)
O homem sem olhos
Falta-lhe olhar para os pobres,
Falta-lhe olhar para a escravidão,
Falta-lhe olhar para os doentes,
Falta-lhe sentido se olhar
Apenas para um lado;
O homem sem ouvidos
Não atende a chamada de
Auxílio dos pobres,
Não aceite a ideia dos outros,
Não se ouve o sofrimento
Dos escravos,
Não faz sentido se o homem
Utiliza os ouvidos para ouvir
Tudo o que precisa é não fechar
Os ouvidos ao que é preciso;
O homem sem boca
Nunca fala aos outros
Aquilo que é preciso falar,
Nunca diz a verdade
Aquilo que necessita de ser verdadeiro,
Nunca informa o público
Daquilo que carece ser posto ao público,
Nunca fará sentido se a boca for aberta apenas ao mal do mundo.
Afonso Soares é natural de Laklubar/Manatuto e nacionalidade de Timorense. É jurista e poeta, tem um livro de poemas em processo para publicação cujo título “O Homem e os Poemas Timorenses”. Atualmente, mora em Díli, capital de Timor-Leste e é consultor legal no Ministério das Finanças da RDTL.