A PASSAGEM DO ESTREITO DE GOIÁS
Antonieta Lopes
As águas arrancaram a cabeceira
Da ponte sobre o rio Tocantins,
Revoltas submergiram tudo à beira:
Ruas e casas, hortas e jardins.
A lotação do ônibus, inteira,
Todos na angústia ali, irmãos afins,
Procuravam arranjar uma maneira
De dominar das ondas os motins.
Um barco arranjaram, tão pequeno
Que n'água se achatava, enquanto a enchente
Sempre a crescer ganhava mais terreno.
Na "casquinha de noz" pulei com medo,
Ela venceu rodando a fúria intrépida
De um abismo medonho, sujo e tredo.