A PASSAGEM DO ESTREITO DE GOIÁS

Antonieta Lopes

As águas arrancaram a cabeceira

Da ponte sobre o rio Tocantins,

Revoltas submergiram tudo à beira:

Ruas e casas, hortas e jardins.

A lotação do ônibus, inteira,

Todos na angústia ali, irmãos afins,

Procuravam arranjar uma maneira

De dominar das ondas os motins.

Um barco arranjaram, tão pequeno

Que n'água se achatava, enquanto a enchente

Sempre a crescer ganhava mais terreno.

Na "casquinha de noz" pulei com medo,

Ela venceu rodando a fúria intrépida

De um abismo medonho, sujo e tredo.

Antonieta Lopes
Enviado por Antonieta Lopes em 26/02/2015
Código do texto: T5150680
Classificação de conteúdo: seguro