ERETA
Torneira aberta faz lama lisa
no longo quintal dos olhos meus,
Estreita calçada, pouca brisa
Esculpem, no barro, camafeus.
Colhi limões, mas adocei o suco
Amarrei a ira à carreira do cão
Em corrente, coleira e trabuco
Esganiçando a força na mão.
Da lama vermelha fiz escola,
Com ela encontrei a pedra perdida.
Pisei chinelas, engrossei a sola
Protegi meus pés durante vida.
Caminhadas firmes, sigo ereta
Arranco aroeira sã e mostro o talo
Sorvo o amargo soro em linha reta
Da vida bebo o sumo em gargalo.
Dalva Molina Mansano
18:12
25.02.2015