[A ironia da prova]
< A você, é claro! >
Aquela minha sensação...
Perdoa-me a ousadia,
mas eu tinha que te mostrar,
te fazer sentir, ao toque da mão,
o quanto não soubeste ler
a emoção que eu antes sentira
[como explicar o desguio do teu olhar?]
Eu sei, acontece... é, como eu te disse,
a ironia da prova, a trivial prova
de que aquilo que lemos no mundo
não está no mundo, mas em nosso olhar!
E cada um, cada um... com seus enigmas!
Em tempo:
ironia, no caso, não é menosprezo de ti,
mas apenas a expressão da minha angústia,
ou, o meu desdém de toda fragilidade de ser.
Ao tempo em que lês estas linhas,
eu já estarei noutra estação
[será mesmo? Se ainda te escrevo...]
o meu coração, bem sabes, é volúvel,
eu cedo a encantos — sou frágil assim!
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[Desterro, 20 de fevereiro de 2015]