Açucena

A palavra de que o poema precisa

Deve ser uma palavra imprecisa

O poema só tem frescor de brisa

Se às ideias ele não impõe divisa.

A palavra que sozinho eu procuro

Vem carregada de sentido obscuro

Ela se empoleira no alto do muro

Ninguém sabe o seu sentido futuro.

A palavra que eu tenho por meta

Não dá a compreensão completa

Assume a obrigação que é da seta

Mostra o caminho feito um profeta.

A palavra que a poesia prefere

Desaferrolha a porta do cárcere

Transporta a mente a um belvedere

Revela um cenário e apenas sugere.

A palavra que o poeta estima

É uma palavra que fica lá em cima

Pra buscá-la esse homem se anima

É palavra nobre e dá boa rima.

A palavra que vem e não me algema

Não sei se é palavra ou se é teorema

Evoca o cheiro suave da açucena

Que não pode faltar a nenhum poema.

Silva Edimar
Enviado por Silva Edimar em 24/02/2015
Código do texto: T5148229
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