Macabro Adeus
Toco-lhe a face fria e gélida.
Fito seu olhar parado e triste.
Seus lábios fechados sorriem,
congelados. Não profere som.
Os cabelos tão pretos e lindos
dessa vez não cobrem seu rosto.
Pelo contrário, emolduram-no.
Há borboletas em seu cabelo.
Seu colo, anunciação do pecado,
jaz sem luxúria em margaridas.
Passo-lhe a mão, silenciosamente
em segredo. Não há alegria nisso.
Suas mãos, quantos pudores ali
perdidos. Sem vergonhas alguma
seguravam felicidades abstratas.
Hoje não sentem mais calor algum.
Há em seu dedo um lindo diamante.
Não, não é uma joia, é um professor.
Aprendi com ele, que apenas diamantes
são eternos. Sem lágrimas eu digo adeus.