O VERSO QUE ESCAPOU...
Sou daqueles que necessitam de versos,
mais que de arroz, feijão, bife (e batatas).
Desde que seja um verso de gretar o chão,
de fazer flor voar azul, de aloucar silêncio!
Tem verso que tem força de fazer cócegas
na água, de seduzir pássaros, de me tecer.
Sei que tem um verso que delira em mim...
Deve ser de alguém que aqui passou antes!
Tem verso que na sua mudez me ensurdece.
Tem verso que voa antes que eu o acaricie.
É porque jamais me pertenceu de verdade.
Tem vez que meu verso é sepulcro outonal!
Tem verso que se ajeita perfeitamente bem,
sem ajuda nem ajustes de ninguém. Depois,
fica um vazio imensurável, que se preenche
com a falta de gente e com festa de palavras.
Um verso arisco me fugiu. Era perfeito para
fechar este poema. Agora, é ave que perdeu
a pena, peixe que caiu no seco, ribeirão fora
do leito. Inda ouço a voz do verso que fugiu!