Lembro de ti
Lembro de ti como se o ontem
se abrisse omenso e incomparável,
lâmina d'água de mágico reflexo,
mostrando um tempo inesquecível...
És ainda aquela menina tímida,
escondida atrás de um par de olhos,
translúcidos, como gotas de orvalho
que se mostram aos poucos, lentamente...
Lembro de ti como se o ontem
se ofertasse à memória lirial e viva
das coisas que apenas lá ficaram
sem perder o brilho e a transparência...
És ainda aquela visão maravilhosa
da aura vespertina em rico adejo,
asas de sonhos agitadas ao vento
na afirmação lírica do pleno encanto...
Lembro de ti como se o ontem
se fizesse o sempre, vasto, irretocável
em seu ansioso ir e vir de sombras
recortadas contra o muro da saudade...
És ainda aquela figura de aquarela,
linda pintura que ousei em versos,
precioso verso que esculpi em ouro,
o ouro puro de um amor inextinguível...