A Esperada
Incorrigível romântico, por mais que o tempo passe,
Cantava em versos a musa que aguardava...
E por mais que o coração não alcançasse,
Vivia a suspirar por alguém que não chegava....
Às vezes, bem perto de mim, parecia
Que um olhar, um sorriso, um carinho
De mulher, que minha alma desfalecia,
Fazia vibrar da paixão o seu sininho...
Era ela!... E n’alma, um alvoroço sobressaía
E um ardor me extasiava!... Mas era ilusão
De alma gêmea... E assim que ela ia,
Eu voltava a sonhar com nova visão!...
Seria tão mais fácil, tão menos estressante,
Que sem essa mania, vivesse a simplicidade
Da relação, só dos sentidos excitante,
Ou do bem-querer calmo do amor-amizade.
Mas, não! Se tinha isso, logo a inquietação
Dominava meus dias e, pássaro triste, vivia
Enclausurado na gaiola da realidade! E o coração
Fugia! E fugia para o que ainda não existia...
Passeava os meus olhos esperançosos
E a minh’alma ardente e enamorada,
Por um painel de rostos-sonhos luminosos,
Que acompanhava a minha caminhada.
Sabia que ela viria, por isso a procurava tanto,
Em sites reais e virtuais, em tudo que se vê!
E quando ela veio, eu lhe disse, com doce encanto:
“- Mesmo acordado, eu sonhava com você!...”