Cálice de Sonho
A vida entoa sua estranha melodia,
Em passo incerto ensaia a própria dança...
A longa noite passa e vem o dia,
Num ciclo; persegue, e sempre alcança...
O êxtase que anestesia, a doce uva,
Aquece e enche o cálice de sonho,
Vou sorvendo, enquanto escuto a chuva,
Pensando o cotidiano, enfadonho...
Mas, se pouco ri, tampouco chora...
Filosofo e o vinho me observa;
A vida passa, como passa a hora,
E a rotina, finge que a preserva...
Eu ignoro o entorno; busco o vórtice,
Bebendo sonhos, esvazio o cálice...