QUANDO DESCERES

" EU SOU DE UMA CIDADE AS MARGENS DO RIO CAPIBARIBE, QUE DESCENDO CHEGA ATÉ O RECIFE....

Quando desceres

O Capibaribe,

Na peleja da tua jornada,

O rio, estrada calejada,

Terra já cortada,

Serás homem!

E não poderás andar sem marcas,

Vera tantas barcas, naufragar,

E tu mesmo, vela sem mastro...

Nesta Capibaribe

Muito pode afundar.

Verás margens alteradas,

Não terás níveis,

Não verás planícies,

Serás de uma matéria agregada,

Rasa,

Habitada de ritos,

Um tipo arrastada,

Rio...

Manso na chegada

Quando desceres

O Capibaribe,

Na peleja da tua jornada,

O rio, estrada calejada,

Terra arada, castrada,

Não entenderás os homens,

Não saberás nada das margens

E terás lama no corpo, na alma,

Na face, sorte terás

Se não conheceres lagrimas,

No rio,

Estrada calejada

Não domada!

Não terás desvios,

Poderás ser vazio,

Será o rio, untado, juntado, bólido.

O leito será terra daninha,

Não mastigada,

Será terra virada,

De perda,

Caiada,

Teimosa,

Tinhosa...

De pedra atravessada.

Quando desceres

O Capibaribe

Na peleja da tua jornada,

Não serás Severino,

Nem tão pouco poderás ser nada,

Será quem sabe...

Barca,

Canoa,

Jangada,

E não correrás como corre na enchente,

É manso o balaço,

E não terás tinta igual as das gentes,

Eis do rio,

Eis de quem desce,

Agreste não beberá,

Nem mata,

Eis vadio de um rio sem pressa,

Eis dum Recife que chega doida em festa,

Eis Capibaribe...

Homem que se não é rio...

Nunca desce....

Severino Filho
Enviado por Severino Filho em 21/02/2015
Código do texto: T5145487
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