Averiguações
Às vezes eu envido da escrita complexa
para falar das coisas corriqueiras,
outras eu manuseio letras simplórias
para falar de coisas intrincadas;
é mania formidável de versejar
sem deixar de admoestar a inspiração
que é o elã d’algum vislumbre trivial
d’onde discorro meu poema matinal.
Às vezes eu penejo sobre as flores,
concebo as cores e os olores naturais;
outras eu arengo sobre os pássaros,
com seus trinares incansáveis a trilar.
Às vezes eu disserto sobre a noite
que tem estrelas, tem mistério, tem luar;
outras eu discurso à luz do dia
que tem o verde da natureza a rebrilhar.
Às vezes eu consubstancio sobre a vida
que é ferida quando averígua o tom da dor;
outras eu sumarizo o ardor da morte
que é consorte mas nunca tarda a chegar.