Minha Sombra, Meu Barro!
Abri os olhos na fogueira da alma,
destorci o percurso da espiral infinita,
lambuzei de mel o meu mundo novo,
fiz um transplante de sorriso e renasci.
Fechei os olhos na curva do horizonte,
desenhei a luz do pôr do sol e depus,
percebi o abraço da vida em sereno,
concedi ao céu crítico a minha sombra.
Abdiquei do templo o silêncio vesgo,
deixei a esmo a sedução dos gemidos,
despejei soluços em soluções ácidas,
fiz o retorno ébrio do cérebro morto.
Deduzi da fração o número inteiro,
do beijo poético acendi o candeeiro,
vi nos meus dedos meu gesto torto,
refiz toda imagem no molde do chão.