CREIO
Antonieta Lopes
Eu creio em Ti, Senhor, pois não deixaste
Que o pão faltasse para os nossos filhos,
Eu os criei sozinha, o pai, um traste
Largava-os famintos, maltrapilhos
Eu creio em Ti, porque me acalentaste,
Quando chorava só, perdendo os trilhos
Dos caminhos da vida, num desgaste
Sem fim, risos ou vindo em tons casquilhos
Eu creio em Ti, Senhor, porque na morte
De tantas ilusões sobrou o amor
Medrosa e frágil, fui em Ti tão forte.
Estás comigo, vá aonde for,
Não há coragem humana que suporte
Tanta miséria e escárnio, tanto horror.