MAR

1. MAR

Mar, grande berço que acalenta e embala

Suspiros e sonhos.

Que ouve pedidos

Queixumes e murmúrios

Que preservas segredos mil

Achega-te a mim, bem perto do meu coração

E lava o meu peito sarando as feridas

Apagando as cicatrizes triscadas pela incompreensão.

Mar, grande mar

De correntezas volumosas

Que enche de convencimento o navegador

De um porto distante a um rumo certo

Vejo no bravio das tuas ondas

O esplendor da criação

E na serenidade das espumas que beijam as areias

O toque da carícia que tem o encontro do orvalho

Com a flor em botão.

Oh! Mar que distancias povos

Que divides os continentes

Que abraças a terra alimenta os seus viventes

Que falas pelas marés

Que emoldura belos quadros

Em noite de lua cheia

Testemunha dos juramentos

Dos casais enamorados.

Tu oh! Mar, deslizante no azul esverdeado das águas salinas

Peço-te, transborda as margens do continente do meu coração

E varre da ilha da minha solidão todo o vazio

De um amor que perdeu suas âncoras no destino de uma trajetória

Decepada a luz do convés, afundada na maresia de um mal tempo

Ocorrência de uma paixão.

Mar, que riscas a linha que separa o céu de ti

Suplico-te, enterres no profundo das tuas águas

Nos vales subterrâneos de tuas entranhas

A minha dor, contraída no cais da minha vida

E que inflamada pelo destino dilacera a alma num gemido único

Ao som da partida do veleiro que percorrerá o teu infinito

Na busca de uma consolação.

Oh! Infinidade das águas

Regido pelos fortes ventos de uma natureza provedora

Espalhas por todo o universo a suave brisa

Vertente de mundos ignorados em ti existentes.

Mar! Lençol líquido de fluente magia.