DAS MÃOS

Das mãos que trilhas essas palavras,

O verso costumou-se ao seco.

Como o poeta,

Que canta um povo,

E não se deu conta,

Que esse povo não o olha,

E é bem verdade,

Que esse povo, nem o conheça!

Das mãos que trilhas essas palavras,

Não a obra,

Não a hereditários,

E ficou uma memória de quem parti.

A gramática barra-se numa arte bruta!

---” talvez o tolo forme a concordância, o poeta não! “

E os poemas...

São bem forte,

Mas, como todos os poemas, só o poeta entende!

Das mãos que trilhas essas palavras,

De tão livres e pequenas,

Apegou-se, como devoto a solidão!

Foi bem, pleno, só!

E de tão só,

Cobriu toda uma geração!

Das mãos que trilhas essas palavras,

O homem é tão pequeno,

O poeta é tão pequeno,

A cidade desse poeta é tão pequena,

Que o poeta sempre acorda com os pés fora da cama.

Só ao amigo ele é grande,

Só ao amigo!

Se não fosse a poesia,

O mundo sempre amanhecia nu,

O poeta amanhecia nu,

De um nu feio,

De um nu desformal, estranho.

De um nu podre.

De um nu, sem mãos.

Das mãos que trilhas essas palavras...

Severino Filho
Enviado por Severino Filho em 19/02/2015
Código do texto: T5143159
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