DAS MÃOS
Das mãos que trilhas essas palavras,
O verso costumou-se ao seco.
Como o poeta,
Que canta um povo,
E não se deu conta,
Que esse povo não o olha,
E é bem verdade,
Que esse povo, nem o conheça!
Das mãos que trilhas essas palavras,
Não a obra,
Não a hereditários,
E ficou uma memória de quem parti.
A gramática barra-se numa arte bruta!
---” talvez o tolo forme a concordância, o poeta não! “
E os poemas...
São bem forte,
Mas, como todos os poemas, só o poeta entende!
Das mãos que trilhas essas palavras,
De tão livres e pequenas,
Apegou-se, como devoto a solidão!
Foi bem, pleno, só!
E de tão só,
Cobriu toda uma geração!
Das mãos que trilhas essas palavras,
O homem é tão pequeno,
O poeta é tão pequeno,
A cidade desse poeta é tão pequena,
Que o poeta sempre acorda com os pés fora da cama.
Só ao amigo ele é grande,
Só ao amigo!
Se não fosse a poesia,
O mundo sempre amanhecia nu,
O poeta amanhecia nu,
De um nu feio,
De um nu desformal, estranho.
De um nu podre.
De um nu, sem mãos.
Das mãos que trilhas essas palavras...