Dor, invisível dor!

A dor é o revés de um parto,

a dor é arrumar o quarto,

de um filho que já morreu!...

Chico Buarque de Holanda

!Dor, invisível dor!

O berço vazio

E as mãos trêmulas de frio, da mãe

Não conseguem segurar no colo

Aquele esperado momento

De balançar nos braços

E dar o seio materno

Ao seu sagrado rebento,

Sentada na cadeira de balanço.

Sente estocadas no peito

Uma e mais uma e mais outra e mais outra.

Um mangue de sangue escorre nas veias

Enquanto o olhar fixo dela, nas teias.

Pensava: Quantas Marias, Vitórias e Renatas!...

Jogadas no lixo, outras em córregos, outras em bueiros?

E porque levas-te, Ó Virgem, a minha menina, que eu tanto queria?...

Para adormecê-la com carícias e beijos?...

Lágrimas congeladas e arregaladas nos olhos

Feito paisagem na ferida aberta.

De repente desce uma, depois outra e mais outra

Rio de lágrimas...

Relógio parado nas horas.

E como se fora nascente

Fonte de Lágrimas caudalosas

Feito lavas incandescentes.

E as lágrimas urram

Uivos no silêncio

E os olhos arregalados

Congelados

Derretia

Persistia

Até encharcar toda paisagem que ela não enxergava...

A dor, cega

Cria raízes

Dos pés

Ao último fio de cabelo.

Enterro

Real-pesadelo

Desterro

Desespero

Refletido no espelho

Desgrenhados cabelos,

Parada no tempo...

Escorrendo do seio materno

O leito da dor, Invisível dor, do sofrimento.

A Lua, sem Luares,

O Sol no horizonte, foi-se

E a foice, cegou as estrelas,

O Céu perdeu a cor...

Deitou em pose fetal,

Adormeceu e nunca mais acordou!...

Tony Bahi@.

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨ Interação & Sintonia ¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

São versos tão fortes

Com cheiro de morte

Que ditam a sorte

De alguém que morreu

Qual faca de corte

Num golpe de sorte

Que a alma suporte

E pense em Deus.

Regina Madeira.

Grato querida pretinha, lindos versos...amei, beijo...tony.

Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 19/02/2015
Reeditado em 21/02/2015
Código do texto: T5142815
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