À PORTA DO SÉCULO
ODE À ALEMANHA
"Ibr surcht getrost zu ihre fussen
Bestátigung und Recht und Licht."
I
Pelas do Século XX! Ó Terra luminosa,
Onde hoje impera e habita a Alma da Humildade,
Depois de um ciclo audaz de esplêndidas conquistas,
Salva grande País, Germânia gloriosa,
Salve Pátria de Heróis, de Sábios e de Artistas!
II
Vejo-te à cinta um gládio e na fronte uma estrela,
Virgem de olhos azuis, atlética e venusta,
Cujo passado ecoa a voz das Epopéias,
Suprema Condutora, eterna Sentinela
Do exército sublime e enorme das Idéias.
III
Operário do Bem, perseverante e honesto,
Mineira de Progresso, a cavar noite e dia,
Ao ciciar da pena, ao trovejar do malho...
Ó quanta, quanta luz te refletem na testa
Ás bagas do suor divino do trabalho!
IV
Impávida, de pé, na treva dos espaços,
Moderna" Loreley" de um Reno mais famoso,
"Nixe" de estranha voz que os corações invade,
Abres ao mundo inteiro os teus sagrados braços
E dás, em vez da Morte, a Imortalidade!
V
Ao místico luar que vem da Poesia,
À deslumbrante luz que jorra da Ciência,
Enquanto o mundo dorme, ages, cantas, meditas,
Plantando em cada peito os germens da Energia
Rasgando em cada noite alvoradas benditas.
VI
Heróica, amordaçando os monstros da Mentira,
Colona genial do Pensamento humano,
Dos dragões vais pisando as formidáveis gorjas,
Ao ritmo triunfal de martelo e da lira,
Ao rúbido clarão de mil e uma forjas.
VII
Terra santa onde a Fé tem por nome - "Winfrido";
A Poesia - "Goeyhe"; a Música - "Beethoven";
Quem poderá jamais, em nobre êxtase imerso,
Triangular-te a altura, e o teu perfil querido
Emoldurar no bronze homérico do Verso?
VIII
Pelas do Séc'lo XX, augusta e poderosa!
Do éxercito sublime e enorme das Idéias
Suprema Condutora, eterna Sentinela,
Amazona da Luz, Germânia gloriosa,
Que tens à cinta um gládio e na fronte uma estrela;
IX
Bússola que orienta ea nau da Humanidade,
Walquíria do Porvir, Batedora de Gênios,
Trono de ouro e de ferro, onde a Musa da História
A sombra do carvalho ideal da Liberdade
Reparte com orgulho os louros da Vitória;
X
Marcha! Leva ao Tabor a majestosa tropa
Dos Homem de Ciência, altiva como deuses,
Dos Homens do Ideal, de olhar triste e profundo...
Sinto bater em ti o coração da Europa,
Em ti sinto pensar o cérebro do Mundo!
1901.