Uma morte inevitável

A criança vê seus bichinhos

Todos de pelúcia e adoráveis

O que sente é intenso e puro

Os ama naturalmente

Ora, seus companheiros de brincadeira

Personagens das mais incríveis aventuras

Um aconchego durante a noite

Parceiros de travessuras

É a inocência que traz o encanto

E é verdadeiro enquanto existe

Mas aí ela cresce, inevitável

E aos poucos os deixa de lado

Não é natural que isso aconteça,

Que a criança morra e o adulto apareça?

Que culpa tem por não amá-los mais

Se descobriu: não são reais!

Sente saudades, sim

Mas sabe que não tem mais volta

Infelizmente é para sempre

Aquilo que assim se esgota

Houve um tempo em que conhecia

"Para sempre" só em contextos felizes

Doces finais de contos de fadas

Mas ela sabe que o fim chega de outra forma

Às vezes ousa imaginar

Com um tênue fio de esperança

Que eles estão tristes e sentem sua falta

Que estão magoados: "Como pode abandoná-los?"

Mas sabe que eles não sentem

Ela também já não mais...

Sente-se estúpida por um momento

Mas conclui que não é sua culpa

Sabe que foi verdadeiro

Que uma vez ela soube amar

Mas aprendeu que não era a eles que amava

Mas à ideia que tinha deles

O que alguns chamam de imaginar

Dancker
Enviado por Dancker em 19/02/2015
Código do texto: T5142063
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