Uma morte inevitável
A criança vê seus bichinhos
Todos de pelúcia e adoráveis
O que sente é intenso e puro
Os ama naturalmente
Ora, seus companheiros de brincadeira
Personagens das mais incríveis aventuras
Um aconchego durante a noite
Parceiros de travessuras
É a inocência que traz o encanto
E é verdadeiro enquanto existe
Mas aí ela cresce, inevitável
E aos poucos os deixa de lado
Não é natural que isso aconteça,
Que a criança morra e o adulto apareça?
Que culpa tem por não amá-los mais
Se descobriu: não são reais!
Sente saudades, sim
Mas sabe que não tem mais volta
Infelizmente é para sempre
Aquilo que assim se esgota
Houve um tempo em que conhecia
"Para sempre" só em contextos felizes
Doces finais de contos de fadas
Mas ela sabe que o fim chega de outra forma
Às vezes ousa imaginar
Com um tênue fio de esperança
Que eles estão tristes e sentem sua falta
Que estão magoados: "Como pode abandoná-los?"
Mas sabe que eles não sentem
Ela também já não mais...
Sente-se estúpida por um momento
Mas conclui que não é sua culpa
Sabe que foi verdadeiro
Que uma vez ela soube amar
Mas aprendeu que não era a eles que amava
Mas à ideia que tinha deles
O que alguns chamam de imaginar