MIRTES ENTRE OUTROS CONTOS
 O EROS NEGRO

 
Fibras retocadas
Dispara pulsões
Pra todo lugar
Olha o quarto deixado
Desarrumado
Ontem à noite
Ele não veio
Lençol artista de meio
Ficou comigo
O farsante
Que se amarra
Na farra da solidão
Sem armas
Pra atirar
Sem alvo a vista
Uma vista
Do andar envolvido
Há um corpo perdido
Parado num muro
Destruído
Uma das pernas que apoia
Tem um sapato
Encharcado
Que brilha
Como meus olhos
De víbora
Canos e parapeitos
Vejo-me indo
Por entre os sujos
E o luto de folhas
Caindo
Como peças de roupa
Que atiro
Veja o tapete que pus
Na entrada
Arrasto-me no chão
Devagar
O que de quatro faz surgir
Meias rasgadas
Pedaços deixados
Pelo caminho
Quero o carinho
Que espera ser vencido
Ele se afasta
Como de um susto
Maldito
Se atira
Sobre o vago comum
Do lado escuro
Onde não há sinal
Algum de vida
Debruço-me sobre
As pedras caídas
Um sumiço
Me devolve adentro
Do quarto
De onde vejo
Ele de novo parado
No mesmo lado da rua
Do muro destruído
Fuga de olhos
Pra chuva de sereno
Caindo
Despertam fissuras
Língua nas gotas
Doçuras me lembram
Agora
O que é tão quente
Quanto de quente
Se tona explosivo
E mata minha sede
Derrepente o vulto
Sobressai pelo
Meio da avenida
Nenhuma atenção
Sinaleiras piscando
É tarde da madrugada
Aquele preparo
Acontecendo no espelho
Da saída
Visita agora escadas
Sobe o frio
Do suspense erótico
A la Von Trier
Passos lentos em rápidos
Violentos
Espamos saindo
Pelo cigarro
Que não fumo
Rumo em direção
Ao andar de cima
O clima de busca
Ofusca o tesão repentino
O hino que ele canta
Levanta-me
Assustada
Na parede perto
Da última escada
E canta em meus
Ouvidos
Pequenos tiros
Na gueixa
Arrependida
Sirvo-te dos sonhos
A nudez das vontades
É uma liquidez
do que fica suspenso
e quer se vingar
o lenço que trouxe
deixei marcado
dos tons apagados
pela noite
de verão no quarto
masmorra de dama
o louco travestido
de senhor
uma noite em corpo
o último sopro
que sai
abraça meus olhos
e vai embora
os pedaços colhidos
ainda traz ele vestido
de volta p’ra mim
da janela do quarto
ainda dorme o dia
minhas meias amarradas
a luvas caídas em cima
das pedras
voam no vento
da rua...
 
 
 
 
 



MIRTES BETWEEN OTHER TALES
  BLACK EROS


retouched fibers
Shoot drives
To everywhere
Look left quarter
messy
Last night
He did not come
Artist sheet means
stayed with me
The fake
Which ties
In the solitude of binge
No weapons
to shoot
No target view
a view
The involved floor
There is a lost body
Standing on the wall
destroyed
One of the supporting legs
Has a shoe
soaked
shining
As my eyes
viperous
Pipes and rails
I see myself going
Among the dirty
And the leaves of mourning
falling
As garments
that shoot
See the rug pus
at the entrance
Drag me down
slow
What four raises
torn stockings
left pieces
by the way
I want the affection
Waiting to be won
He pulls away
As a fright
damn You
If shoots
On the common vague
The dark side
Where there is no signal
Some of life
I lean over on
The fallen stones
a disappearance
Me returns into the
the room
Where I see
He again stopped
On the same side of the road
The destroyed wall
Vanishing eyes
To rain serene
falling
awaken cracks
Language in drops
Tricks remind me
now
What's so hot
As hot
If explosive surface
And kill my thirst
Suddenly the figure
stands for
Avenue means
No attention
traffic lights flashing
It's late in the morning
that preparation
Happening in the mirror
output
Visit now stairs
Go up the cold
The erotic thriller
A la Von Trier
Slow steps in quick
violent
spasms out
by cigarette
Not smoke
Track toward
Upstairs
The search climate
Overshadows the sudden horny
The song he sings
Lifts Me
scared
On the wall near
The last steps
And sing in my
ears
small shots
in geisha
sorry
I serve you dream
Nudity Wills
It is a liquidity
than hangs
and wants revenge
handkerchief brought
left marked
the deleted tones
by night
summer in the room
Lady in dungeon
the mad transvestite
lord
one night in body
the last breath
outgoing
embraces my eyes
and leaves
the collected pieces
still brings him dress
back p'ra me
the bedroom window
still sleeps the day
tied my socks
the fallen gloves on
stones
flying in the wind
the street ...