Na marcha

Eu serei a marcha

Das pétalas que nunca foram flores

Das armas que não precisam de soldados

Das mulheres que nunca foram moças

Porque houve muito mais que dores

Que flores em seus lenços de bordados

Eu serei a marcha

Que a noite chora nos batuques

Atrapalhando a distância para os novos dias

Que com o hoje pouco se encaixa

Uma vez que se reproduziram os truques

Que desde sempre adiaram as alegrias

Eu serei a marcha

Das batinas que somente o coração vê

Dos olhares desprovidos da probabilidade

Da esperança que com o povo cochicha

Quando lhes descobre com pouca fê

E enormes escolas da insensibilidade

E vou alegremente marchar

Como o rio que não espera do apito

Como o sorriso que se rareia no rosto infantil

Que não vive apenas dos motivos de alegrar

Mas também de sonhos que se acomodam no mito

Enquanto os homens alastram a esteira do fuzil

Eu vou mesmo marchar

Porque há dentro de mim um lado por envernizar

Um lado que já luta para destronar-me do egotismo

E me estrumar para os rebentos que preciso educar

Porque essas lutas que nas camisas ousamos carregar

Têm que ser mais do que mero ingrediente do capitalismo

Odibar João Lampeão
Enviado por Odibar João Lampeão em 18/02/2015
Código do texto: T5140934
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