Na marcha
Eu serei a marcha
Das pétalas que nunca foram flores
Das armas que não precisam de soldados
Das mulheres que nunca foram moças
Porque houve muito mais que dores
Que flores em seus lenços de bordados
Eu serei a marcha
Que a noite chora nos batuques
Atrapalhando a distância para os novos dias
Que com o hoje pouco se encaixa
Uma vez que se reproduziram os truques
Que desde sempre adiaram as alegrias
Eu serei a marcha
Das batinas que somente o coração vê
Dos olhares desprovidos da probabilidade
Da esperança que com o povo cochicha
Quando lhes descobre com pouca fê
E enormes escolas da insensibilidade
E vou alegremente marchar
Como o rio que não espera do apito
Como o sorriso que se rareia no rosto infantil
Que não vive apenas dos motivos de alegrar
Mas também de sonhos que se acomodam no mito
Enquanto os homens alastram a esteira do fuzil
Eu vou mesmo marchar
Porque há dentro de mim um lado por envernizar
Um lado que já luta para destronar-me do egotismo
E me estrumar para os rebentos que preciso educar
Porque essas lutas que nas camisas ousamos carregar
Têm que ser mais do que mero ingrediente do capitalismo