O pássaro pousado em minha janela noturna
Traz na aragem as manhãs deslembradas
Abrindo cores das flores acaçapadas
Por chuvisqueiros de negrumes adormecidos.
Tão efêmero é o seu estar
Que o momento é a eternidade que colho com mãos desapossadas
Dos infinitos céus viajando em suas asas
Das inéditas estações atravessadas por seu incessante canto.
Toda a imensidão é uma dúbia sombra
Enchendo de lumes a pequenez da minha janela.