Dos Óculos
Tirei os óculos, na manhã fria;
(sem eles só exergo bem, de perto)
e fui; com o meu olhar encoberto
pelas velhas nuvens da miopia.
Cada rosto parecia incerto...
um Saara da fisionomia;
porque, ao olhá-lho, nada eu via
além de um horizonte deserto.
E tão cheio dessa visão vazia
(olhos fechados...coração aberto)
saudei algum inimigo, decerto,
ao distribuir meu cego bom-dia.
Ah, que mais educada ironia,
estar, assim, tão cego e liberto!
28-01-2015