EMBARAÇO E DESATO
A abelha produz laboriosamente o mel,
Que me arrisco, sem proteção, tonta a colher.
Infinda canção, da cigarra, ouço a babel,
Arrisco e petisco sem receio de morrer.
Sob céu azul, preguiçoso, o gato silencia
Em igual langor, também, a minha paixão.
Espalhada, viscosa, em riacho me alicia
Afiada e dura, minha língua corta o chão.
Da fria e alva cascata de noiva em sete véus
Embaraço-me nas rendas, fios em filós.
Do estilhaço, fendas, silencio os escarcéus
Sorvo, lambo e canto, desenleio duros nós.
16.02.2015
17:59