AS MÃOS
AS MÃOS
Mãos que enlaçam, que entoam ternuras,
Mãos que percorrem espaços tatuados
De delícias em corpos nus, apaixonados,
Mãos de toques sutis, íntimos de tesuras.
Mãos que acordam o pássaro adormecido,
Que bolem com o ego dos janeiros grisalhos,
Despertam o estro da idade em bandalhos,
Excitando com carícias seu sentido.
Mãos que falam pelo silêncio dos que calam,
Que se afagam e se entendem para a aliança,
Que lavram, que semeiam com esperança,
Os sonhos dos artesãos definem e entalham.
Mãos calejadas na debulha da colheita
Mãos macias, delicadas dos cultos poetas,
Mãos estendidas de visionários profetas
Na vidência divina de alguma seita.
Mãos que vibram e tecem o sonho do artesão,
Mãos que acariciam com o aroma das flores,
Mãos que sinalizam ao silêncio dos amores;
Que tocam, que vibram o mais rude coração.
Mãos que entalham memórias nos murais,
Mãos que corretamente apontam caminhos,
Que dentre as ramas separam os espinhos
E apanham as cheirosas rosas dos roseirais.
mãos confortadoras dos bem aventurados
mãos cirúrgicas e precisas...cuidadosas,
Mãos que se postam na prece silenciosa,
Agradecidas pelos bens conquistados.
Mãos que trazem nas palmas entalhadas
As leiras escritas que são linhas da vida
Presságios deixados, de leitura indefinida,
Que encobrem sorrisos de bocas acanhadas.
Buliçosas mãos que provocam o prazer
Na sequiosa busca pela felicidade,
Entregam-se a outras na reciprocidade
Mãos que se abrigam nos seios de uma mulher.
Egê- sp