Poema Primordial
Para que a poesia seja primordial
tem que haver o amor entre o bem e o mal
e alguns fantasmas vagando pela noite
junto aos cães que ladram à lua cheia;
tem que haver nuvens pesadas e chuva
de verão, com relâmpago e trovão
e na enxurrada que carrega a palavra
um passeio em um barquinho de papel;
tem que haver fadas encantadas
com asas roubadas de borboletas
e arlequins e pierrôs e colombinas
em uma passarela na varanda do quintal;
tem que haver um jardim de sonhos
coloridos, cores diáfanas de um beija-flor
e flores, muitas flores de pétalas azuis
e amarelas e vermelhas e transparentes;
tudo misturado dentro de uma mente
intermitente, que observa a gente;
semente com pensamento de poeta
que lança ao léu o véu da imaginação.