AMANTES DO AMOR
(Sócrates Di Lima)
No lado azul da minha noite escura,
não tem fim de túnel, mas, tem luz,
tem cores de arco-iris como pintura,
E uma estrada que tanto me seduz...
Do lado escuro da minha noite clara
há frestas nas janelas das minhas querências,
trazendo facho negro que nunca para,
mas, se transforma pelas luzes das minhas sobrevivências.
É como pinceis nas mãos de artistas cegos,
pintando a vida nas cores que entre cada dedo escorre,
Vivendo na busca dos incessantes apegos,
Aos laços do amor que nunca morre.
E assim, nos lados neutros dos meus desejos,
que nascem e renacem todos os dias,
Trazem saudades em longinquos lampejos,
Que correram os tempos das velhas liturgias.
E quando renasce a esperança de um querer distante,
transformando o gostar amigo num amor de fases,
Capaz de viver os vicios de quem nunca foi amante,
Como o novo, na vida velha de quereres capazes.
Ai de mim se tivesse me perdido nos meus caminhos,
e não reencontrado olhos e risos de um semblante belo,
Que atravessou o tempo e conservou os carinhos,
queridos dantes, mas, só hoje revelo.
E se o sonho nunca se apaga,
Nem a esperaça nunca morre,
A vida é um pergaminho que jamais se rasga,
E nele se escreve o amor que da solidão corre.
Assim, que viaje nas asas dos ventos esta saudade,
E vá se deitar no colo desse amor distante,
E repouse no peito como uma doce felicidade,
Unificando os lados de um amor textura de dois amantes.
E assim, amantes, donos de um amor solidário,
redescobrindo o universo que dantes se escondia,
No tempo perdido no calendário,
Fazendo hoje renascer e viver lado a lado com a poesia.