O DIA QUE NÃO VEM
o dia que não vem
mata-me aos poucos
impõe morte virulenta
é o caos que visita
e adormece por dias
tenho pressa e nenhuma emboscada
o dia que não vem
é forte feito prece
ocupa meus porões
dizima meus exércitos
em cerco sem fim
o dia que não vem
vem apenas em devaneios
mora em nuvens que não avisto
e não consigo catalogar
nada me cansa mais
que o dia que não vem
karma que não sei escapar
fé que não aprendi
como se renuncia
esperar o dia que não vem
é o meu modo de ter esperança
de ser resistente
um crente
a espalhar alegria falida
durante dias e dias
como única arma possível contra
a fria certeza do dia que não vem