DISSOLUÇÃO DO SER
JB Xavier
 
Há um vazio que toma forma,
Disforme e confuso...
Há um foco difuso
E no horizonte
Um grito silencioso rompe as brumas...
E por entre as plumas
Um sonho bate em retirada...
Ficam na calçada
As poças refletindo a lua:
Universos na sarjeta, silenciosa e nua...
Há obscuridades iluminadas 
Ao som silencioso de uma blasfema oração...
Há mãos ásperas como o veludo, 
Trazendo o nada ao tudo, 
No respeito irreverente de um riso tolo...
E a batida monótona do monjolo 
Ataca as fibras de um viver triste e roto, 
Onde o risível universo decai 
Sob as feras que em carinhos se assanham...
Há formas que em vazios se desenham, 
Iluminados obscurantismos 
Estridentes estalam na pira congelada, 
Ligando o tudo ao nada, 
Num acalanto tosco e assustador...
Há um rio de lavas cristalinas, 
Transformando a areia em purpurinas 
Em cujo brilho meu ser desaparecerá...
Há uma eterna fatuidade nos elementos 
E meu ser se transforma 
No que jamais será...
* * *
JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 12/02/2015
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