ESPADAS INERTES
Mas porque será este Anjo de tal forma naturezo,
que os limites do planeta caem por terra
ao olharmos nos desfiladeiros de flores
que giram-lhe nos olhos? De onde
chega este Anjo, cujo temperamento revolve oceanos
e cujo pêssego das faces estabelece a delícia das manhãs?
Acaso estamos diante de um delírio feito carne,
ou a carne feita delírio dissolve nossos pobres conceitos de realidade?
Há muito caminhamos, nossos escudos serviam apenas
para proteção da chuva, as lanças alimentavam o fogo,
e no entanto a simples visão deste Anjo inaugurou a força
aonde demonstrada a miséria da carne.
Já não somos um povo banido,
e gargalhamos dos heróis trôpegos
nos pangarés pintados de brancura sem graça.
Estamos em pé, o que importa é manter a incontrolável sobriedade,
e sabemos, pela visão esplêndida deste Anjo,
que a Terra da Beleza, da Harmonia e da Liberdade se avizinha.
O que mais podemos querer? ao fogo as moedas
imprestáveis e as espadas inertes, destes jardins sem pragas começaremos outra vida