CHOVE, CHUVA

Antonieta Lopes

Chove, chuva! e transborda a Cantareira,

O Tietê, Três Marias, Água Branca,

Não deixa faltar água na torneira,

Dos nimbos o beijão negro destranca.

E rega e faz florir a sementeira,

Para encher na esquina a tão comprida banca,

Possa comprar verdura a cozinheira,

Meio velha, já surda, meio manca.

Água jamais faltou cá no sudeste,

Por que agora tornou-se ela mesquinha,

Numa falta visível, inconteste?

Grandes rios parecem uma linha,

O povo reza para que inda reste

Balde d'água na casa pobrezinha.

Antonieta Lopes
Enviado por Antonieta Lopes em 10/02/2015
Código do texto: T5132595
Classificação de conteúdo: seguro