CHOVE, CHUVA
Antonieta Lopes
Chove, chuva! e transborda a Cantareira,
O Tietê, Três Marias, Água Branca,
Não deixa faltar água na torneira,
Dos nimbos o beijão negro destranca.
E rega e faz florir a sementeira,
Para encher na esquina a tão comprida banca,
Possa comprar verdura a cozinheira,
Meio velha, já surda, meio manca.
Água jamais faltou cá no sudeste,
Por que agora tornou-se ela mesquinha,
Numa falta visível, inconteste?
Grandes rios parecem uma linha,
O povo reza para que inda reste
Balde d'água na casa pobrezinha.