"Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo." (C. Meireles)
TARDE
Já se faz tarde.
Um copo de leite no leito
Antes do sonho feito,
Sem berro pelo aterro,
Pelos meus erros
Nem pelo desterro
(em que me encontro).
Pronto!
O que me é possível reconto.
Com dádivas e sem dívidas.
Nem dúvidas.
Envidas-me?
Envieso-me.
Sim.
Desci ao meu submundo
Mas não varri meu porão.
Algum rato às vezes escapa de lá.
Quisera fosse o pássaro aprisionado,
O meu trinado a livrar-se.
Do céu, piscam-me estrelas lívidas.
Já se faz muito tarde.
Pontos, descontos.
Sangue escoado,
Matizando o (a)ocaso.
O sol que se pôs,
Não se recompôs,
Que nunca mais nasceu.
foto: Edu Viero
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Obs: na 1º estrofe há alusão aos versos de Caetano Veloso na canção "Qualquer coisa".