FAZ-ME TUA
 
Vem, me toma, faz-me tua!
Quero ser mulher da rua
me oferecendo sem pejo,
e perceber teu desejo
crescer louco, alucinado,
com a mesma ânsia sedenta
que a mim me empurra, me tenta,
se te sinto, aqui, ao lado.

Quero ver tuas mãos nuas
em arpejos delicados,
percorrerem labirintos,
os quais eu suponho, pressinto,
não foram, sequer, desbravados.

Me olharás, sim, me olharás
de um modo diferente
ao ver o meu corpo despido,
estendido à tua frente,
igual a um cordeiro inocente
que, em breve, irás imolar.

Vem me toma. Faz-me tua!
Quero ser mulher da rua,
sem vergonha... sem chorar.



(Setembro - 1992)


 
Em arpejos delicados
 bem antes que rompa a aurora
 se definirão nossos fados
 como a noite, és minha, agora...

 
A drástica decisão
 que acabas de tomar
 é doce fruto da paixão
 que vou colher em teu pomar...


Hluna
Tudo pode acontecer
no amanhã que se esconde,
talvez encontre você,
em algum lugar... Não sei onde.