COMIGO NINGUÉM PODE
Luciana Carrero
Sapateira remendeira
forro em cetim meus sapatos
Dos velhos eu faço novos
bordados com meus ornatos
Costureira cerzideira
com maestria refaço
roupas furadas das traças
imaculando os buracos
Na floresta brasileira
busco o chá da feiticeira
Escandalizo o pernóstico
com o meu moderno acróstico
Valham-me todos os diabos
já que deus nada me deu
Passado é mister de escravos
do que um doido escreveu
Quem faz sempre a mesma coisa
é cupim que rói madeira
Tem sempre só um resultado
ser cupim a vida inteira
Por isso, abram caminhos
os fantasmas das cavernas
Vou passar com meus versinhos
andando com próprias pernas
Subo ao pico do Himalaia
pra buscar velhas teorias?
Esta não é minha praia
Vão com outros as Marias!