desnecessário é o pecado

Há uma crença desnecessária no pecado,

E hoje estou triste!

Arrumei um monte de livros,

Um monte de textos que nem lembrava más,

Arrumei um pouco as faltas do homem que sou,

Arrumei calmo e manso, esse homem!

Depois;

Desci a rua, fui andando até o cais,

E tão bêbado eu ficava;

Sem éter minha cidade me desnorteia!

‘Como ninguém olha meus olhos’

A cidade é tão pequena,

E ninguém sabe de mim!

Há uma crença desnecessária no pecado,

E eu não entendo os deuses,

Eu não entendo os templos,

E nunca fui plausível a aceitar dúvidas.

Vejo templos carregados de oradores e palavras,

As mesmas palavras ditam tão diferentes!

Em templos, em becos, em ruas, em bares, em casas,

E os homens têm a pressa de cultivar o que não tem.

É desnecessário o pecado,

Se o corpo não queima,

E a saliva da vida não contem prazer!

Descer,

Tenho esse habito,

Minha cidade é alta,

E minha gente rasteira,

Desnecessário é o pecado,

E os deuses não me aparecem.

Eles talvez não saibam de mim...

Sou poeta!

Minha cidade, Salgadinho!

E costumo ser bêbado.

Desnecessário é o pecado,

E tão vadio sou em vosso meio,

Deitai, aceitai, usai...

Santo é o corpo que vive!

Severino Filho
Enviado por Severino Filho em 07/02/2015
Código do texto: T5129299
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