desnecessário é o pecado
Há uma crença desnecessária no pecado,
E hoje estou triste!
Arrumei um monte de livros,
Um monte de textos que nem lembrava más,
Arrumei um pouco as faltas do homem que sou,
Arrumei calmo e manso, esse homem!
Depois;
Desci a rua, fui andando até o cais,
E tão bêbado eu ficava;
Sem éter minha cidade me desnorteia!
‘Como ninguém olha meus olhos’
A cidade é tão pequena,
E ninguém sabe de mim!
Há uma crença desnecessária no pecado,
E eu não entendo os deuses,
Eu não entendo os templos,
E nunca fui plausível a aceitar dúvidas.
Vejo templos carregados de oradores e palavras,
As mesmas palavras ditam tão diferentes!
Em templos, em becos, em ruas, em bares, em casas,
E os homens têm a pressa de cultivar o que não tem.
É desnecessário o pecado,
Se o corpo não queima,
E a saliva da vida não contem prazer!
Descer,
Tenho esse habito,
Minha cidade é alta,
E minha gente rasteira,
Desnecessário é o pecado,
E os deuses não me aparecem.
Eles talvez não saibam de mim...
Sou poeta!
Minha cidade, Salgadinho!
E costumo ser bêbado.
Desnecessário é o pecado,
E tão vadio sou em vosso meio,
Deitai, aceitai, usai...
Santo é o corpo que vive!