ARTESÃO DA PALAVRA
Quão útil é ser
artesão da palavra!
Compor um texto
como se lapida
uma pedra bruta,
e após converte-la
em pérola literária
no silêncio peculiar
da arte exercida,
emergida do casulo
de concha poética,
cujos versos líricos
já fluem qual rio
repleto das algas
limosas, que nutrem
os pequenos peixes
do húmus aquático
sob o leito fecundo.
Brota sempre de mim,
ó palavra artesã,
qual emotivo canto
de sereia sobre
as pedras na beira
da praia, em amena
noite de cheio luar.
Brota com teu riso,
dos peixes por entre
as ondas salgadas...
Tão brancas ondas,
molhando a praia
qual orvalho fluindo
em copos-de-leite,
cujo cheiro suave
perfuma os campos
em dias primaveris.
Ó tão belo fonema
que jamais se retrai
no sopro inspirador!
Faz-se arte genuína
qual reflexo de lua
sobre o mar noturno;
qual refração do sol
no ocaso crepuscular;
qual o canto lírico
do poeta que se nutre
do teu fiel sentimento
de amar, amar, amar,
tão espontâneo amar!
Ah, vocábulo artesão!
Do teu influxo poético
corre a seiva da planta,
qual água a regar raiz
de árvore saudável,
crescendo em caule,
folha, flor e fruto;
cuja presença vegetal
produz vigor no solo,
equilibra o ecossistema,
preserva o orbe, a vida...
Bem sei palavra artesã,
que se oriunda da luz
artística que inspira
o poeta; a palavra
literária que dá forma
aos versos; que estão
sempre servindo
o poema estruturado
pelo poeta, cuja boa
vontade em compô-lo,
emana dos teus bons
sentimentos afetivos,
tão capazes de gerar
a plêiade contínua
de diamantes poéticos,
provindos do teu belo
interior; do belo interior
de outrem; da harmonia
dos elementos naturais;
da bela unidade cósmica;
das eternas belezas astrais.