A MINHA BOCA NÃO PODE PROFERIR RUDEZA
A minha boca não pode proferir rudeza
Embora em minha volta haja violência e aspereza.
Sei quanto é difícil seguir os retos caminhos
Fazer nascer luz em um escuro mundo mesquinho.
Hoje sentimos, como nunca, a falta de esperança
Porque o homem insiste em sua ignorância
De esquecer do Deus que se fez criança
Esvaziando-se assim de temperança.
Na multidão em que a solidão impera
O homem esquece-se e torna-se fera
Impiedoso se aproveita da dor do semelhante
Ainda mais triste faz o seu semblante.
O mundo loucamente se enfurece
Com aquele que de infelicidade não padece.
“Como pode alguém sorrir?
E às noites, mesmo de vísceras vazias, dormir?”
A consciência explica bem,
Como ainda viver num mundo de ninguém.
Sei que a natureza menina bela
Em prelúdios, luzes e aquarelas
Entoam numa inigualável sintonia
Que nem Mozart, Chopin, em suas sinfonias
- Apesar de imensas genialidades –
Conseguiram tal feito e qualidade.
Sei que Deus tudo criou
Sei que Ele muito nos amou
Mas espero como sua criação
Ter mais sabedoria e inspiração
Para optar por crescer sem destruir
Amar, sonhar, viver e evoluir.
Não sei, como criatura apenas não sei
Se intensamente viver, de aprender hei.
Tão ricos, pelo Pai chamados de filhinhos
Escolhemos de vários, os piores caminhos.
Nem céu, nem inferno,
Nem verão, nem inverno,
Conseguem mudar nós amadas criaturas
Nem com todo discurso vindo das alturas
Com veemência, sabedoria e amor
Convenceu-nos que sermos sós é opção de dor
É ser ilha num imenso oceano
É ter eternidade e querer viver só um ano
É possuir um tesouro infindável
E querer se alimentar com o resto imprestável.
Não sei! Apenas não sei.
Por que somos assim.
Peço que Deus em sua imensa bondade
Tenha piedade de todos e de mim.
Que eu consiga controlar os meus lábios
E lutar contra o pecado como um bravo.
Que a sapiência que às vezes penso ter
Não seja engodo da sensação de um falso poder.
Quando a sabedoria embalar meus dias
Seja mote de grande alegria
Não para o orgulho
Não para o vão barulho
Mas para que aqueles que buscam a luz
Vejam, que embora pecador, busco o exemplo que veio da cruz
E que agradecido como Davi, o Rei
Canto, danço e louvo a Agnus Dei
O Cordeiro que se fez oferenda
Para o mundo inteiro salvar
Embora às vezes ele não entenda
Que a sua maior lição
Foi a todos sem distinção
Amar, Amar, somente amar.
(03/06/2009).
Marcio José de Lima (Um aprendiz de Escrevedor)