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NÃO HÁ GUARDA-CHUVA...
 
Joguei o guarda-chuva
porque ele de nada serve
quando os poemas já estão encharcados
e já não há mais surpresas
que a chuva não possa molhar.
Na verdade não há guarda-chuva
contra meus versos porque eles
são nada mais que palavras
mastigadas e cuspidas
sobre papel e tinta solúveis.
Decerto não há também
guarda-chuva contra
essa vontade de se molhar
em qualquer falta de rima.
Prefiro me molhar contra o tempo
e caminhar pela enxurrada
lavando todos os classicismos.
E só assim carrego os meus dias
e não essas nuvens pesadas.
Até porque também não há
guarda-chuva contra o tempo.
Nem contra o mundo...
Nem contra os poetas modernos.
É porque quem está na chuva
é pra se molhar...
 
 
 
 ( Imagem google)