VOLVO BLUES
não tiraria os óculos para viajar
voce não vai dirigir mas os vidros abrem
e sempre haverá algo lá fora que você desconhece
aquelas coisas que os viajantes sabem
aquelas mesmas coisas que o motorista esquece
as casas distantes que parecem inabitadas
as vacas errantes que parecem inanimadas
a sensação de embriaguez causada pelo mormaço
eis que se aproxima um volvo
silencioso como um gigante descalço!
não tiraria os óculos nem à noite
pois da janela se vê um traço da lua
e a lua da estrada tem seu encanto particular
um clarão espetacular que a distância não atenua
e que entidade noturna alguma ousa apagar
os vultos ligeiros que parecem seguir-nos
o oculto insepulto que parece conduzir-nos
a liberdade impúbere de quem viaja sem rumo
eis que se aproxima um volvo
somos presas para seu próprio consumo!