CEM REAIS...
Valho enquanto sirvo
Enquanto posso, a promessa
Se já não presto, o que me resta?
Se nada tenho a oferecer
O que me cabe receber?
O interesse que não há
Decerto um dia vai despertar
Não sei ao certo se por assim dizer
Mas diga lá: Como esquecer?
Aquela mão que afagou
E com o tempo enrijeceu
Aquele colo que amparou
Envelhecido, enfraqueceu
Tal qual a morte repentina
Que atrai a tantos sem conhecer
Tão curiosos! Morreu do quê?
A mesma morte, se anunciada
Foi um descanso, já esperava
Vida que segue, fazer o que?
Valho enquanto sirvo
Enquanto vivo...
No auge de uma carreira
De uma sociedade
Em dias de glória, interesseira
Em tempo de inércia, viro poeira!
Cem reais amassado, pisado, cuspido
Continuam sendo cem reais
Mas dependendo do rasgo
Não se recuperam jamais!
Por favor me entenda...
Não estou à venda!
Meu interesse aqui vai mais além
Muito além de cem...