CHOVE SOBRE PÉTALAS
Depois da primavera
só ficou as pétalas das rosas...
Pétalas derramadas como lágrimas
da ingênua quimera...
Agora que é verão chove sobre elas;
uma chuva tão lenta
como lagrimas tristes!
As rosas dançavam e eram tão belas!
Agora chove sobre as pétalas sem vida!
E os pingos caem também
sobre as páginas de meu poema;
sobre a ingenuidade perdida...
Hoje quero preencher esse espaço
com meu tempo de rimas.
É que nesse regresso da chuva
volta também antigos laços...
Volta minhas “agulhas ao passado”,
esse ramo de roseira e de rosas,
não douradas, que essas foram de Neruda
e são da infinita primavera o seu fado.
As minhas despetalaram-se no verão,
e é por isso que escrevo
a “tocar tristemente”
a textura úmida de meu coração...
( Grifos de Neruda